Presidente da França pede desculpas pelas ações do seu país durante a Segunda Guerra Mundial

Presidente da França pede desculpas pelas ações do seu país durante a Segunda Guerra Mundial

No domingo, dia 22 de julho, o presidente da França, François Hollande, fez um ‘mea culpa’ emocional pelo seu país devido à prisão e deportação de mais de 13.000 judeus de Paris.

Ao lembrar o 70º aniversário da ação conhecida como Vel d’Hiv Raids, Hollande admitiu que a operação realizada pela polícia de Paris em 1942 foi um crime cometido na França por franceses. Hollande também elogiou o ex-presidente e rival político Jacques Chirac que, em 1995, tornou-se o primeiro líder francês a admitir que esta operação havia sido “um erro da França”. Até então todos os presidentes franceses, inclusive o mentor de Hollande, o socialista François Mitterand, argumentavam que o governo colaboracionista de Vichy, dirigido pelo marechal Philippe Petain, não representava a República Francesa. Nos dias 16 e 17 de julho de 1942 a polícia francesa prendeu 13.152 judeus de Paris e dos seus subúrbios como parte de uma ação que ficou conhecida como Operação Brisa da Primavera. Foi a primeira vez em que mulheres e crianças foram incluídas numa caçada humana. Famílias inteiras foram arrancadas dos seus lares de madrugada e levadas para o Velodrome d’Hiver (Velódromo do Inverno) na capital francesa, onde foram mantidos por vários dias sem comida e sem água antes de serem deportados para os campos de concentração nazistas. Esta ação apreendeu mais de um quarto dos 42.000 judeus enviados da França para Auschwitz em 1942. Organizações judaicas informam que apenas 811 voltaram. No domingo, após colocar uma coroa de flores no velódromo, demolido em 1959, Hollande falou das “horas sombrias da colaboração, da nossa história e, portanto, da responsabilidade da França”. “A verdade, dura e cruel, é que nenhum soldado alemão foi mobilizado para esta operação. A verdade é que este crime foi cometido na França, por franceses”, disse Hollande, que acrescentou: “Mas é verdade também que o crime do Vel d’Hiv foi cometido contra a França, contra os seus valores, seus princípios, seus ideais”. Sarah Lichtsztein-Montard, 84 anos, uma entre os poucos deportados franceses que voltaram de Auschwitz, agora faz palestras para escolares e universitários. Ela declarou ao jornal Liberation que em 1942 sua mãe se recusou a acreditar nas advertências de amigos de que a prisão seria iminente: “Ela me disse: prender mulheres e crianças na França… é impossível!”. “Às seis horas da manhã seguinte ela foi acordada pelas batidas na porta do apartamento da família em Paris. Dois policiais franceses entraram e se recusaram a ouvir os apelos da minha mãe para que, ao menos, deixassem as crianças. Ela estava de joelhos e eu fiquei muito envergonhada”, disse Lichtsztein. Na rua, reinava o caos. As famílias judias foram “cercadas pela polícia como se fossem criminosos”. Hollande disse que o país tem o dever de lembrar. Uma pesquisa realizada na semana passada revelou que dois terços dos franceses com menos de 35 anos de idade ignoram o que aconteceu no Velodrome d’Hiver. “Não haverá esquecimento na República”, disse Hollande, acrescentando que “a França combaterá o antissemitismo com a maior determinação”. “Sempre que o antissemitismo se manifestar, ele será exposto e punido. Todas as ideologias de exclusão, todas as formas de intolerância, todos os fanatismos e a xenofobia que fomenta o ódio, serão punidas”, disse Hollande. Fonte: Jornal Los Angeles Times e citado no WJC – World Jewish Congress em 23 de julho de 2012. Tradução: Adelina Naiditch]]>

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